segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O trabalhador do conhecimento

Eugen Pfister

 
O trabalho depende cada vez mais do cérebro e menos dos músculos e mãos. Esse trabalho caracterizado pelo uso intensivo da mente humana é realizado, de acordo com Peter Drucker, pelo  trabalhador do conhecimento; uma pessoa que conhece profundamente um determinado assunto, que aplica o que sabe e pode aprender mais sobre o tema.

Pela extensão e profundidade, o conhecimento só pode ser adquirido com o concurso da escola. Definitivamente, não é algo que possa ser adquirido isoladamente na empresa. Daí a nosso espírito critico em relação ao sistema escolar.
A escola, evidentemente, não repassa a totalidade do conhecimento e sim a informação necessária e desenvolve no aluno a capacidade de aprender. Quando estiver no local de trabalho e aplicar a informação para resolver problemas e aproveitar oportunidades é que ela se transforma em conhecimento.

Por isso, o conceito de intelectual nos dias de hoje deve ser repensado e ampliado. Fora algumas carreiras universitárias nas áreas de letras, filosofia e humanas, que preservam o sentido original do termo, há um exército de pessoas que trabalha com a mente usando números, gráficos, cálculos, instrumentos de análise e outras ferramentas mentais que têm um propósito pragmático e não erudito. São os trabalhadores do conhecimento.   
São profissionais que estão, por exemplo, no setor da saúde, da computação e tecnologia da informação, professores do sistema primário e secundário, engenheiros, arquitetos, bibliotecários, pessoal administrativo, técnicos em manutenção, enfermeiros de hospitais, pilotos e assim por diante.

Como regra geral, eles conhecem o trabalho melhor que o chefe. Não é um campo para amadores e sim de profissionais de alto gabarito. Aliás, o uso constante da palavra profissional faz parte desse estado de coisas. Isso torna a ideia de “faça o que eu ordenar” soar absurda. Simplesmente não sabemos o que o trabalhador do conhecimento deve saber. Ele é quem precisa saber e aplicar.
O que ele precisa é de apoio. Os superiores de um profissional do conhecimento devem indagar: “O que devemos esperar de você?” “Que informações e ferramentas vocês precisa?” Que obstáculos criamos para você?” E, por último: “O que fazemos e o que eu faço que contribui para realizar o seu trabalho?”

Assegurando essas condições podemos exigir desempenho e cobrar responsabilidade. Pressupondo que sendo a pessoa certa e tratado da forma certa, podemos esperar que o trabalho realizado tenha qualidade superior.

Mas não podemos esperar que um profissional dessas áreas fiquem no mesmo emprego pela vida inteira. A lealdade do trabalhador do conhecimento está voltada para o seu crescimento pessoal e profissional. Permanecerá na empresa e dará o melhor de si enquanto sentir que está tendo desafios e oportunidades. Mas pedirá demissão assim que perceber que a lua de mel acabou.

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