sábado, 16 de junho de 2012

O que há de errado com a tal zona de conforto?

Em princípio não há nada de errado! Aliás, conforme o caso, ela é uma condição desejada que atesta que atingimos um patamar de excelência a ser mantido e, se possível, aperfeiçoado.

Até quando? Bom... até ser descartado para dar lugar a novos paradigmas.

Então, caros leitores, o segredo é manter o que vale a pena ser mantido, aperfeiçoar o que é aperfeiçoável e inovar antes que outros nos obriguem a correr atrás do prejuízo.  

Se a zona de desconforto fosse o ideal eu passaria a dormir numa cama de faquir; tomaria banho gelado mesmo no inverno; almoçaria e jantaria jiló, quiabo, escarola e tomaria chá de boldo três vezes ao dia.  Ou, quem sabe, aconselharia meus clientes a trocar toda e qualquer ferramenta gerencial que estiver dando certo para testar teorias incertas.

Nada do que disse até aqui representa uma defesa intransigente do status quo. Esse é um figurino que não se ajusta à minha biografia. Só estou pensando em voz alta e nesse estado de espírito ocorre-me que se Baltasar Gracián (1601 – 1658), autor de A Arte da Prudência, vivesse nos dias atuais, ele diria que convém mudar, sem matar, prematuramente, a galinha de ovos de ouro que nos alimenta.

Sei que às vezes a realidade é chata e atrapalha, mas... é impossível viver na corda bamba todos os dias. Da mesma forma, seria arriscado viver com os pés colados ao chão eternamente.

E, cá entre nós, atingir um patamar de excelência pessoal ou organizacional não é sinônimo de vida mansa. Pelo contrário, sustentar a condição é uma batalha tenaz e custosa. Ninguém combate lanterninhas e sim os que lideram, os que se destacam da multidão. A nossa zona de conforto gera desconforto nos outros e vice versa. Ele é o preço a pagar em benefício de um futuro confortável.

Poucas coisas são tão humanas quanto o desejo de esticar ao máximo os bons e prazerosos momentos. A conhecida passagem – que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto durecunhada por Vinicius de Moraes é um exemplo singelo que mesmo o eterno sendo provisório ele vale a pena ser vivido, usufruído, festejado. 

Moral da história, a tempestade é bem vinda apenas porque a ela sucede à bonança.


 

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Agenda para um RH estratégico

Os clientes de RH são obcecados com objetivos, rentabilidade, qualidade dos produtos, processos, métodos de trabalho e produtividade dos insumos e estão dispostos a pagar um pouco mais a quem os ajude vencer tais desafios. E RH como isso? Tudo ou nada conforme o conceito adotado. Vejamos...

Já participei de uma série de acalorados debates acerca do papel de RH. Estes variavam conforme o debatedor: especialista em administração de pessoal, agente de mudança, parceiro de negócio, consultor interno. Hoje a moda é o RH estratégico.

O objetivo da celeuma sempre foi superar a crise de identidade que acompanha a área desde a sua origem. Só que, especialista, consultor interno, parceiro ou estrategista, não importa, são conceitos genéricos que não esclarecem qual é o valor agregado de RH para o negócio. E como se diz por aí, de boas intenções o inferno está cheio.

Agente de mudança? Por que e em nome de quem? Especialista em administração de pessoal? Quem afinal administra o pessoal na organização? Consultor interno? Em que especialidade e com qual propósito? Parceiro nos negócios? Qual é o impacto mensurável de RH nos resultados organizacionais?

Tudo bem! O conceito RH estratégico é charmoso e popular. Porém, quais são os benefícios estratégicos tangíveis e intangíveis para a Organização, acionistas, clientes internos e externos aportados por RH?

O menor preço a ser pago para abandonar o reino das fantasias é definir RH enquanto negócio. O maior preço é realinhar as competências de RH ao novo conceito de negócio. Mudar de paradigmas é estressante.

Pela lógica, sendo RH uma disciplina comportamental, deveríamos ser capazes de contribuir para o aprimoramento da competitividade organizacional, o que significa atrair e reter talentos, promover práticas gerenciais voltadas a fortalecer o orgulho e a alegria em relação ao trabalho e, não menos importante, aperfeiçoar sistematicamente a produtividade humana.

Agindo assim RH assegura que ações como seleção, avaliação, treinamento, modelos de competências gerenciais, remuneração, pesquisa de clima, concorram para a realização das metas organizacionais. Essa missão torna as ações de RH observáveis, tangíveis e mensuráveis.  E, convenhamos, a mensurabilidade tem sido o calcanhar de Aquiles da Área.

Treinar pessoas é atividade. Aplicar conhecimentos, habilidades e técnicas adquiridas para resolver problemas, aumentar as vendas ou incrementar a produtividade da equipe é agregar valor. Melhor. É o caminho para transformar o fator humano num diferencial competitivo e não em penduricalho retórico para palestras, discursos, artigos e livros.

Os resultados desse esforço se casam com as iniciativas empreendidas por todos os segmentos da organização na busca de melhores resultados econômicos e comerciais que perpetuem a organização, os empregos e transferência dem benefícios para a sociedade.

Afora isso, é bom lembrar que nossos concorrentes têm acesso aos mesmos treinamentos, palestras motivacionais, modelos de avaliação 360º, sistemas de administração salarial e mercado de trabalho que nós temos. Jogar com as armas do concorrente é subir no mesmo elevador e chegar ao mesmo andar que eles. O escopo da estratégia não é ser igual aos outros e sim diferente.  

Portanto, a tarefa de um RH estratégico é dificultar a vida da concorrência e facilitar a vida do cliente interno. Para tanto, é preciso implantar capacidades gerenciais, profissionais, comportamentais e culturais difíceis de imitar pela concorrência. O resto é devaneio, retórica ou conversa fiada.

Por Eugen Pfister

domingo, 3 de junho de 2012

Carerreia & Coaching

Não há como clonar a carreira e o sucesso
 
Consultores em carreiras costumam desfiar inúmeros conselhos, alguns baseados no bom senso e outros nem tão sensatos assim. Insistem, por exemplo, em coisas como: tenha uma meta, um plano, um curso de ação e determinação que você conquistará o seu lugar ao sol.

Também há quem recomende que sejamos visionários, uma S.A., um Xamã, Samurai ou Monge. No meio do caminho está a turma do pensamento positivo e a dos hábitos das pessoas eficazes.

Em seguida citam nomes de pessoas bem sucedidas que exemplificam os atributos acima mencionados. É sedutor pensar que tudo no Universo depende única e exclusivamente da nossa vontade. É confortante ouvir que devemos ignorar as cascas de banana que a vida espalha à nossa volta. A ideia de ser o herói de si mesmo tem suas vantagens. Ela nos estimula, por exemplo, a agir em nosso benefício e não ficar sentado à beira da estrada esperando por um milagre. A mensagem é clara, desafiadora e atraente: seja você o milagre!

Para que a ideia do invente-se, do faça e aconteça vingue, é preciso negociar com o restante do universo um armistício de paz e cooperação irrestrita. Ou, na impossibilidade de levar a cabo tal diálogo, reze para que a sorte esteja a seu lado 24 horas por dia.

Um pouco de realismo é um santo remédio. Numa empresa, por exemplo, ninguém, (nem o CEO) tem autoridade suficiente para fazer o que bem deseja, mesmo que for para melhorar drasticamente as coisas. Sempre há um acionista ou um superior a quem devemos consultar, convencer, bajular ou conquistar. Sempre há pares e subordinados de cuja boa vontade dependemos para implementar nossas melhores (ou piores) ideias.

O sucesso individual não é obra do acaso e nem de heróis solitários. Sim, somos compositores da obra prima chamada NOSSA VIDA e NOSSA CARREIRA. Agora, para prosperar e seguir em frente precisamos de uma orquestra, de público, de quem venda os ingressos, divulgue o espetáculo, carregue o piano, aplauda, e até de quem critique.

Também precisamos topar com circunstâncias que favoreçam nossos planos e ter a capacidade de reagir e tirar proveito da situação. Quem diria, a química do sucesso pessoal requer tanto a proatividade (agir) como a reatividade (reagir).

Ah! Antes que me esqueça, uma palavra de incentivo para aqueles que, depois de se inteirarem de todos os superpredicados exigidos para ter acesso ao sucesso, sentem que não são príncipes e princesas o suficiente para triunfar na vida: seja você, você mesmo!

Clones de gente famosa serão sempre clones. E depois, quem disse que só triunfamos em função de nossas qualidades e que somos derrubados por nossos defeitos? Defeitos, eventualmente, ajudam. Henry Ford era teimoso; o General Patton era rebelde; Jack Welch era workalchoolic; Woody Allan é um neurótico assumido; São Pedro foi acusado de covarde por ter negado Cristo três vezes e, mesmo assim, foi o primeiro papa Cristão e mártir da fé.

Por difícil que pareça, sermos quem somos é mais fácil que querer ser quem não somos. Tire a cabeça das nuvens e aceite que para vencer na vida e na carreira nem sempre é preciso realizar coisas extraordinárias. Muitas vezes (mais do que suspeita a nossa vã filosofia) só é preciso que façamos o que necessita ser feito tal como ajudar o próximo, tratar com dignidade os clientes, desenvolver a equipe e cuidar de si para não representar um estorvo para o próximo.

Quantas pessoas, na ânsia de salvar a humanidade, se esquecem de conversar com o vizinho, de ajudar os colegas de trabalho ou dedicar algumas horas para os filhos?  Quantas outras, no afã de resolver o problema da fome, se esquecem de ensinar os mais necessitados a pescar?

Então, no lugar do prêmio Nobel de literatura, que propostas, relatórios e memorandos bem feitos? No lugar de um QI elevado, que tal usar os conhecimentos e a experiência para ajudar a organização, colegas, superiores e os clientes a serem bem sucedidos?

O que pouco se comenta, mas que pode ser a verdade escondida no emaranhado de teses e filosofias antagônicas, é que o sucesso está mais na jornada do que na chegada. Então, caros leitores, como já foi a dada a largada, desde já desejo  “uma boa jornada e muito sucesso”.

Por Eugen Pfister